Ex-vice-presidente José Alencar morre aos 79 anos
Nos últimos 13 anos, Alencar enfrentou batalha contra o câncer.
Ele passou por diversas cirurgias e buscou tratamento alternativo nos EUA.
O ex-vice-presidente da República José Alencar, 79 anos, morreu às 14h41 desta terça (29), no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em razão de câncer e falência múltipla de órgãos, segundo informou o hospital.
Após conversar com Josué Alencar, filho do ex-vice, a presidente Dilma Rousseff afirmou em Portugal que o velório será no Palácio do Planalto, em Brasília, aberto à visitação pública e com previsão de início às 10h30.
"Foi uma grande honra ter convivido com ele. Vai deixar uma marca. Estamos muito emocionados", afirmou Dilma.
Na quinta (31), o corpo também será velado em Belo Horizonte, no Palácio da Liberdade.
Em Portugal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chorou ao falar sobre a morte do ex-vice. "Conheço poucos seres humanos que tenham a alma de José Alencar, a bondade dele”, disse.
Primeiro ministro a se manifestar sobre o assunto nesta terça, Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, também se emocionou ao receber a notícia durante uma entrevista (saiba o que disseram outros políticos e personalidades).
A morte de Alencar também repercutiu no exterior. O presidente da República em exercício, Michel Temer, decretou luto oficial de sete dias.
Na UTI
Na última das várias internações, Alencar estava desde segunda (28) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Sírio Libanês, em São Paulo, com quadro de suboclusão intestinal.
Na última das várias internações, Alencar estava desde segunda (28) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Sírio Libanês, em São Paulo, com quadro de suboclusão intestinal.
O ex-vice-presidente lutava contra o câncer havia 13 anos, mas nos últimos meses, a situação se complicou.
Após passar 33 dias internado – inclusive no Natal e no Ano Novo –, o ex-vice-presidente havia deixado o hospital no último dia 25 de janeiro para ser um dos homenageados no aniversário de São Paulo.
A internação tinha sido motivada pelas sucessivas hemorragias e pela necessidade de tratamento do câncer no abdômen. No dia 26 de janeiro, recebeu autorização da equipe médica do hospital para permanecer em casa. No entanto, acabou voltando ao hospital dias depois.
Durante o período de internação, Alencar manifestou desejo de ir a Brasília para a posse da presidente Dilma Rousseff. Momentos antes da cerimônia, cogitou deixar o hospital para ir até a capital federal a fim de descer a rampa do Palácio do Planalto com Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele desistiu após insistência da mulher, Mariza. Decidiu ficar, vestiu um terno e chamou os jornalistas para uma entrevista coletiva, na qual explicou por que não iria à posse e disse que sua missão estava “cumprida”.
Na conversa com os jornalistas, voltou a dizer que não tinha medo da morte. “Se Deus quiser que eu morra, ele não precisa de câncer para isso. Se ele não quiser que eu vá agora, não há câncer que me leve”, disse.
No mesmo dia, ele recebeu a vista de Lula, que deixou Brasília logo após a posse de Dilma.
Internações
Os últimos meses de Alencar foram de internações sucessivas. Em 9 de fevereiro, ele foi hospitalizado devido a uma perfuração no intestino.
Os últimos meses de Alencar foram de internações sucessivas. Em 9 de fevereiro, ele foi hospitalizado devido a uma perfuração no intestino.
O ex-vice-presidente já havia permanecido internado de 23 de novembro a 17 de dezembro para tratar uma obstrução intestinal decorrente dos tumores no abdômen. No dia 27 de novembro, foi submetido a uma cirurgia para retirada de parte do tumor e de parte do intestino delgado.
Conheça a trajetória de José Alencar
1931 - Nasce José Alencar Gomes da Silva, em 17 de outubro, em Itamuri, município de Muriaé, zona da Mara mineira. é o décimo primeiro filho de um comerciante de uma dona-de-casa.
1945 - Consegue o primeiro emprego aos 14 anos, como vendedor de tecidos numa loja em Muriaé. Sem dinheiro para alugar um quarto, dorme no corredor de um pensionato.
1950 - Com dinheiro emprestado por um irmão, abre sua primeira loja de tecidos, em Caratinga (MG). Batizada de "A Queimadeira", vendia de tudo a preços populares.
1953 - Vende a loja e vira vendedor atacadista de tecidos. Trabalha ainda como comerciante de grãos e sócio de uma fábrica de macarrão.
1967 - Com empréstimo da extinta Sudene e apoio do banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, Funda em Montes Claros e Coteminas, que se tornaria um dos maiores grupos têxteis do país.
1989 - Presidiu por 15 anos (1989-1994) a Federação das Indústrias de Minas Gerais. Dirigiu também a Associação Comercial de Minas e a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte.
1993 - O filho, Josué Chistiano Gomes da SIlva, assume o comando da Coteminas para que Alencar possa se dedicar à carreira política. Chistiano ocupa a vice-presidência e a superintendência geral do grupo têxtil.
1994 - Candidata-se pelo PmDB ao governo de Minas Gerais. Obtém 10,71% dos votos válidos, ficando em terceiro lugar na disputa.
1997 - Realiza cirugia para retirada de tumores no rim e no estômago.
1998 - É eleito senador com quase 3 milhões de votos, numa das campanhas mais caras do país. Segundo informações dada ao TRE-MG, foram gastos R$ 6,4 milhões na campanha. Como comparativo, Itamar Franco gastou no mesmo ano R$ 2,8 milhões para se eleger ao governo do estado.
2000 - Volta à mesa de operação, desta vez para a retirada de um tumor na próstata.
2001 - Desfilia-se do PMDB e, um mês depois, entra para o PL. Antes, recebe convites do PTB e PSB.
2002 - Com a aliança entre PT e PL, em junho, torna-se vice na chapa vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República.
2004 - Passa a acumular a Vice-Presidência e o cargo de ministro da Defesa, que exerce até 2006.
2005 - Em meio à crise do mensalão, deixa o PL e, junto a outros ex-integrantes da sigla, participa da fundação do PRP (Partido Republicano Brasileiro). Nova internação. Desta vez, Alencar é submetido a uma angioplastia, cirurgia no coração.
2006 - Mesmo enfrentando problema de saúde, Alencar aceita o convite de Lula para integrar novamente a chapa como vice. Os dois se reelegem para o mandato que vai até 2010. Faz duas cirurgias para a retirada de um tumor no abdome, em junho e novembro. Faz tratamento com especialistas nos Estados Unidos.
2007 - Do abdome, o câncer se espalha e atinge o peritônio, membrana que reveste a região. É internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde é novamente operado.
2008 - Exames mostram reicidência do câncer. Alencar passa por cirurgia para retirar tumores e tem problemas de saúde secundários como inflamaçao intestinal e insuficiência renal.
2009 - Passa por uma cirurgia delicada, com duração de quase 18 horas. Os médicos retiram nove tumores. A doença, no entanto, acaba voltando e o vice-presidente testa um tratamento experimental nos Estados Unidos, sem sucesso. Passa por cirurgias para desobstruir o intestino. Numa delas, é realizada uma colostomia, procedimento cirúrgico em que se faz uma abertura no abdome por onde o contéudo do intestino é expelido e coletado por uma bolsa externa.
2010 - Chega a ser cotado para se candidatar ao senado,mas desiste devido à doença. Justiça determina que o reconhecimento de paternidade de uma professora, mas ele recorre. Internado com obstrução intestinal, sofre infarto. Tem alta, mas retorna dias depois com os mesmos problemas e passa por cirurgia, que retira um tumor. Volta a ser internado no dia 22 de dezembro com hemorragia e passa por nova cirurgia. Os sangramentos persistem nos dias seguintes. Internado , não comparece à posse da presidente Dilma Rousseff, em Brasília.
2011 - Recebe a medalha 25 de Janeiro em São Paulo. Teve alta depois de 33 dias de internação para ser homenageado e voltou para casa. Foi internado com peritonite em 9 de fevereiro.
Palácio do Planalto é preparado para velório de José Alencar
Previsão é que corpo do ex-presidente chegue a Brasília às 9h15. Velório será aberto ao público a partir das 10h30 desta quarta-feira (30).
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Ex-vice-presidente da República José Alencar (Foto: AE) |
O Palácio do Planalto, onde José Alencar atuou como presidente da República interino durante 398 dias entre 2003 e 2010, começou a ser preparado na noite desta terça-feira pelo cerimonial do Planalto para o velório do ex-vice-presidente nesta quarta (30).
Aos 79 anos, Alencar morreu nesta terça-feira, às 14h41, no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em razão de câncer e falência múltipla de órgãos, segundo informou o hospital.
O salão nobre do Palácio do Planalto, sede do governo, foi oferecido pela presidente Dilma Rousseff para as cerimônias fúnebres.
Cadeiras foram colocadas nas proximidades do local onde ficará o caixão com o corpo do ex-presidente da República. A previsão é que corpo deixe São Paulo, em um avião militar da Força Aérea Brasileira (FAB), por volta das 7h. A chegada à Base Aérea de Brasília está prevista para às 9h15.
Em seguida, será levado em carro aberto pelo Corpo de Bombeiros até o Palácio Planalto, passando pelo Eixo Rodoviário Sul, uma das principais vias de Brasília. O corpo do ex-vice-presidente será recebido pelo presidente da República em exercício, Michel Temer, pelos presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso.
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Salão do Palácio do Planalto onde sera o velório do ex-vice-presidente José Alencar. (Foto: José Cruz/ABr) |
Ministros do governo e outras autoridades estarão à espera do corpo do ex-presidente quando ele chegar ao Planalto. A visitação pública está prevista para começar às 10h30. As homenagens a Alencar poderão ser feitas até 23h30 desta quarta-feira (30).
Na manhã de quinta-feira (31), o corpo será trasladado para Belo Horizonte (MG), estado onde nasceu Alencar. Lá, o corpo será velado no Palácio da Liberdade.
Segundo a agenda oficial divulgada pelo Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estão em Portugal, devem chegar a Brasília às 19h e seguir diretamente para o velório. Dilma cancelou algumas das atividades que teria em Portugal para participar das homenagens ao ex-presidente.
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